Duchamp was here

Duchamp was here

A bicicleta pode ser uma metáfora sobre a vida. Ela representa o movimento contínuo dos corpos e do pensamento. As peças são como lembranças do todo, cada parte remete ao seu conjunto e, deslocadas do seu contexto, talvez sejam apenas formas esquecidas de sua função. Diante dessa desconstrução é possível perguntar: existe outra função neste objeto ressignificado?

A bicicletaria, lugar onde se montam, desmontam e consertam bicicletas usando essas mesmas peças não seria o lugar onde esses objetos têm mais realismo e significado do que se os deslocássemos para outro espaço? Quando Duchamp se servia dos elementos de uma bicicleta para a desconstrução e construção de outro objeto com novo sentido havia um movimento levemente similar como nesse caso. Ao mesmo tempo em que aqui há a desconstrução da bicicleta, há também a sua construção por meio da pintura inserida neste espaço da bicicletaria.

Na contemporaneidade o objeto de estudo se torna diverso, e as imagens de fotografia, internet e anúncios de jornais podem ser matéria-prima. Mas todos os caminhos levam, neste caso, à pintura. E para tempos em que parar pode significar morrer, o movimento e o equilíbrio podem representar a resistência da vida.